segunda-feira, 26 de abril de 2010

Terapia do colar de bolinhas

Terapia do colar de bolinhas


Somente para casais que dividem o mesmo teto


No corre-corre do dia a dia nos tornamos mais insensíveis, intolerantes e insuportáveis. O convívio a dois não é fácil, porque temos que saber administrar nossas diferenças. Já dizia o sábio chinês: “Não devemos procurar nossa cara metade, devemos procurar o nosso inteiro.” Sim, porque somos seres inteiros e nossas diferenças nos completam. No geral, o que falta em um tem no outro e essa falta é que faz com que nos sentimos completos ao ter o outro. Eu propus a três casais que fizessem a terapia do colar de bolinhas, ela funciona assim:

- Em uma folha de papel cada um desenhará um colar de bolinhas, do fecho em sentido horário deverá ser pintada uma bolinha toda vez que uma das partes sentir-se ofendida ou magoada, cada um pinta em seu colar.

- O colar deverá ficar em um lugar onde os dois possam visualizá-los (porta de geladeira, armário, móvel no quarto, etc…).

- Quando um dos colares estiver todo preenchido será o momento de conversarmos a respeito da terapia.

Vamos denominar nossos casais por letras, o primeiro casal A e B, o segundo casal G e H, e o terceiro X e Z.

Histórico:

A viu que B estava marcando todos os dias algumas bolinhas, então em uma atitude desesperadora foi pintando as bolinhas de seu colar.

G e H em cinco dias já estavam aptos a conversar, pois os colares de ambos estavam completos.

X e Z demoraram quatorze dias para o preenchimento total.

Conversa com os casais:

Pedi que A explicasse cada uma das bolinhas, então para minha surpresa A pediu que B falasse primeiro. B explicou que não tinha queixas de A, e que cada bolinha pintada foi uma coisa boa que A lhe fez. Citou exemplos de fatos como A levar água e um comprimido para aliviar uma dor de cabeça, ou o simples fato de guardar suas meias na gaveta, segundo B eram pequenas atitudes que ele nunca havia valorizado, agora notava que era uma forma de carinho. Perguntei para A se ela queria falar, A estava envergonhada, pois pintou o colar na defensiva de poder usá-lo contra B se este falasse coisas negativas a seu respeito.

G e H: G contou cada bolinha detalhadamente, H não ficou atrás, narrava e trocava olhares com G em um misto de raiva e reprovação.

X e Z: X contou que ficava com o pavio curto no período de TPM, mas não conseguia lembrar o que tinha acontecido em cada bolinha pintada, Z só lembrou das três últimas bolinhas e quando começou a contar o que o havia ofendido X começou a rir, logo foi seguida por Z que também começou a rir e me disseram que haviam entendido o sentido de fazer a terapia.

Conclusão:

Os pontos analisados entre os casais, que gentilmente colaboraram  não podem ser vistos oficialmente, pois casos sérios de relacionamentos conjugais devem ser tratados por especialistas. Vamos aos resultados:

A e B começaram a valorizar mais uma boa conversa sobre o relacionamento.

G e H observaram que o relacionamento está frágil e o melhor seria procurar um especialista uma vez que ainda existe amor entre os dois.

X e Z entenderam o que é a terapia do colar de bolinhas, a terapia tem a intenção de mostrar de maneira simples que pequenos flocos de neve podem causar avalanches. As vezes nos melindramos com pequenas coisas e acabamos brigando, isso podemos voltar a dizer que é resultante do estresse diário que vivemos e de como nos tornamos insensíveis, intolerantes e insuportáveis. Então entendemos que a bolinha sozinha não é nada, mas se dermos muito valor a ela, certamente logo teremos outra bolinha, e mais outra… formando assim, um colar de bolinhas.

Solange Depera Gelles